quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Tipo, o que?


Um jornal servindo de cama para um vira-lata. Uma placa de rua com um nome desconhecido. Uma frase escrita no poste. Um cartaz colado na parede. Um pixo no andar mais alto do prédio abandonado. Um folheto prometendo seu grande amor. Uma frase no parachoque do caminhão. Um homem lendo um gibi. Um moleque lendo um livro. Uma faixa que procura um bichano com recompensa. Um luminoso lembrando que amanhã é dia de pagar conta. Uma velha lendo o que vai acontecer amanhã na novela. Um adesivo alertando que a vida é louca. Um tipo.
Tipos estranhos, tipos comuns, acabam passando despercebidos na nossa correria diária para não chegar atrasado no emprego, na aula, na entrevista, no cinema, mas estão presentes todo santo dia em qualquer hora e em qualquer lugar do mundo. Tipos inúteis que estão mais presentes do que imaginamos, por mais que seja só no porão bagunçado do nosso inconsciente.
Que olho mais atento aos muros do Brasil nunca se perguntou "Quem é esse merda de Carlos Adão?" ou, restringindo aqui em São Paulo, "Que caralho é 'esbomgaroto'?"
E são grandes coisas tipo essas que compõe a estrutura básica da nossa sociedade e se tornam essencialmente vitais para que ela não perca ainda mais o sentido fundamental (grupo de pessoas que convivem em conjundo compartilhando gostos, costumes e causos) e etimológico ( do latim societas, uma "associação amistosa com outros") da palavra. Ou você não fica curioso em saber quem são as 10 gatas fenomenais que custam a bagatela de 30 mangos?

Foto: bidu (alguma placa safada de Porto Alegre)

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