quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Nome aos bois

Lembro bem o dia que peguei essa revista na mão, na casa de um primo mais velho. Tinha uns 9 anos apenas. Aquelas páginas em preto e branco e papel jornal cheia de quadrinhos undergrounds, palavrões, putarias, drogas e contextos políticos que não entendia me encantaram na hora. Logo fui atrás dos outros exemplares (sem minha mãe saber, claro, pois o conteúdo era pra lá de adulto) e aí fui conhecendo, além dos Skrotinhos, Bibelô, Rê Bordosa, Wood & Stock e uma série de outros personagens do Angeli que, de uma maneira ou outra, foram decisivos na minha vida. Naquele momento sonhava em viver fazendo desenhos como aqueles e coloquei o Angeli como o grande mestre a ser seguido. O tempo passou, a revista acabou, a moeda mudou e entre várias mudanças de casa perdi minha coleção de quadrinhos. Já não tinha mais aquela empolgação pelo desenho e, quase no fim do colegial, não sabia o que fazer da vida. Então, num desses aniversários de família, descobri um curso chamado Desenho Industrial. Era a faculdade que meu primo, aquele mesmo que me apresentara a revista quando pequeno, estava terminando de cursar. Quando soube que naquela faculdade existia aulas de desenho, ilustração e história em quadrinhos com o Luiz Gê, que também desenhava na Chiclete junto com meu antigo mestre Angeli, me inscrevi no vestibular e aquela vontade de viver fazendo aqueles quadrinhos reacendeu na hora. Hoje já estou formado há quase 4 anos. Não vivo de cartuns, não desenho mas, de um modo ou de outro, consegui meu objetivo vivendo de arte e estou sempre ligado a ela. E é engraçado como nossa vida vai se moldando aos poucos. Existem momentos chaves, cada um no seu tempo certo, que as escolhas são fundamentais e que só vamos descobrir lá na frente. Afinal, tipinhos inúteis, é o título da série da revista que deu a primeira luz para uma dessas muitas escolhas que já fiz por aí.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Macacos me mordam!

E eu achava que em 25 anos de vida já tinha visto muita coisa, mas usar chalet centralizada no título é muita sacanagem. Perturbador...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Família Tipográfica

Uma família tipográfica é um conjunto de variações de uma determinada fonte que apresenta as mesmas caractísticas fundamentais, ou seja: bold, light, clássico, itálico, versalete, etc. Essa morreu sem deixar história.

Foto: bidu (momento nerdesigner no cemitério de Havana, Cuba)

redrum

Um quarto de hotel macabro. Dois caras perdidos. Três fontes diferentes numa mesma porta. O centro de Porto Alegre é muito bizarro!

Foto: bidu (close do número do quarto do "hotel" que fiquei com o Lúcio em Porto Alegre)

Chopada!!!

Parece mais uma placa de algum boteco velho e sujo, tentando seduzir um novo cliente ao vender "chop". Afinal, em tempos de crise inovar é a palavra da vez. Mas em Alter do Chão, no Pará, o chopinho, apesar de também ser extremamente gelado, não é servido em copo e nem tem a opção com ou sem colarinho. Ele vem num saquinho plástico em formato roliço nos sabores de cupuaçu, abacaxi, caju e açaí. Vai uma chopadinha?

Foto: bidu (muro de Alter do Chão)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Tipo, o que?


Um jornal servindo de cama para um vira-lata. Uma placa de rua com um nome desconhecido. Uma frase escrita no poste. Um cartaz colado na parede. Um pixo no andar mais alto do prédio abandonado. Um folheto prometendo seu grande amor. Uma frase no parachoque do caminhão. Um homem lendo um gibi. Um moleque lendo um livro. Uma faixa que procura um bichano com recompensa. Um luminoso lembrando que amanhã é dia de pagar conta. Uma velha lendo o que vai acontecer amanhã na novela. Um adesivo alertando que a vida é louca. Um tipo.
Tipos estranhos, tipos comuns, acabam passando despercebidos na nossa correria diária para não chegar atrasado no emprego, na aula, na entrevista, no cinema, mas estão presentes todo santo dia em qualquer hora e em qualquer lugar do mundo. Tipos inúteis que estão mais presentes do que imaginamos, por mais que seja só no porão bagunçado do nosso inconsciente.
Que olho mais atento aos muros do Brasil nunca se perguntou "Quem é esse merda de Carlos Adão?" ou, restringindo aqui em São Paulo, "Que caralho é 'esbomgaroto'?"
E são grandes coisas tipo essas que compõe a estrutura básica da nossa sociedade e se tornam essencialmente vitais para que ela não perca ainda mais o sentido fundamental (grupo de pessoas que convivem em conjundo compartilhando gostos, costumes e causos) e etimológico ( do latim societas, uma "associação amistosa com outros") da palavra. Ou você não fica curioso em saber quem são as 10 gatas fenomenais que custam a bagatela de 30 mangos?

Foto: bidu (alguma placa safada de Porto Alegre)